sexta-feira, 7 de junho de 2013

Dançar é uma revolução





CORPO não é glamour, é afeto político ( Suely Rolnik)
arte não é glamour, é afeto político (Alessandra Vannucci)
dançamos para redesenhar a cidade
dançamos para redesenhar esta rua, esta praça 
dançamos para reescrever a nossa narrativa de mulheres
CORPO é perseverança da vida
meu CORPO saiu do stress, do desamparo, do panico, do coma e vibra
meu CORPO me cura
a vertigem é a pulsação do enigma da vida no nosso corpo (Suely Rolnik)
o CORPO é o único território ainda não colonizado pelo poder (Pier Paolo Pasolini)




Em Ouro Preto / MG



Chamada Internacional


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Lugar de Madalena

Lugar de Madalena

Lugar de mulher é na cozinha”, já ouvimos falar. Ou será que é na cama? Que nada, lugar de mulher é na igreja. E no boteco? Boteco, hora, não é bem lugar de mulher. Mulher no volante!! Isso não é bom. E no altar? Só se for para casar, acompanhada por um homem e entregue a outro homem.
Mas isso já foi – vocês estão pensando. Na verdade, isso já foi.. muito pior. Até pouco tempo atrás, hospital, tribunal, parlamento, cátedra e mesmo um palco de teatro não eram lugar de mulher. Os espectadores de Shakespeare conheciam Ofelias e Julietas de bigode: suas donzelas eram interpretadas por atores adolescentes. Por muitos séculos, mulheres que praticassem em público alguma arte como dançar, cantar, tocar flauta, dizer poemas ou até pintar, eram consideradas “mulheres públicas” vale dizer, prostitutas. Quem praticasse artes mágicas, místicas ou dominasse a medicina natural, era bruxa. Lugar dela, a fogueira.
Hoje em dia, temos mulheres médico e mulheres professoras, advogadas, atrizes, diretoras de cinema e até mecânicas. Mulheres que, aparentemente, conquistaram o seu lugar no espaço público. Aparentemente, ou seja, no que diz respeito ao que aparece. Hoje em dia, o corpo da mulher aparece em cada esquina, em cada banca de jornal. Um corpo incorpóreo, plástico, perfeito e despedaçado que é o melhor veiculo para venda de qualquer produto. Esta conquista do espaço público è tão só aparente, já que não corresponde à emancipação real da mulher, pelo menos em nosso país. Um recente estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) aponta uma diferença salarial de 30% (considerando mesma idade e mesmo nível de instrução) entre homens e mulheres brasileiras, em qualquer tipo de emprego e qualquer faixa etária: a pior percentual entre as 18 nações latino-americanas.
Ah, mas em casa, è a mulher quem manda – reclama alguém. Isso também, só na aparência. No espaço doméstico, elas não são mais respeitadas do que na rua. Segundo estudos em regiões do país tão diferentes como São Paulo e Pernambuco, uma em cada três mulheres admite já ter sofrido de violência física ou sexual dentro da própria casa, pelo parceiro – na maioria dos casos, por ciúme. Ciúme, ou seja, limitação do direito de ir e vir, de se vestir, pensar e falar com livre arbítrio, enfim, limitação da liberdade individual. De “sujeito” que era antes do casamento, a mulher torna-se “objeto” de propriedade do homem com quem casou: este adquire um crédito e ela, uma dívida diante da sociedade, do marido, dos filhos. Fatores como a manutenção da família e a dependência econômica desestimulam a denúncia e fazem com que a violência familiar se torne um hábito. Perguntada se è respeitada “dentro de casa”, uma em cada duas mulheres brasileiras responde que sim, mas se a pergunta for feita de modo comparativo, quatro em cada cinco mulheres respondem que dentro da sua casa, o homem è mais respeitado do que a mulher.
Quer dizer que a mulher assume seu sexo como “segundo sexo” no sentido de “ser menos”: ter menos poder e menos direitos que o marido e em geral os homens, mesmo sobre seu próprio corpo, sua sexualidade, sua vida cotidiana, sua realização profissional e humana. Admite ser frágil e dependente. Ser inferior. Porque?
Desde a primeira infância, em nossa sociedade, nossa auto-estima de mulheres é manipulada para incutir a vergonha de ser fêmea. É um pensamento comum invadindo o nosso cérebro com frases feitas – aparentemente inocentes – quando ao que è bom e o que não è bom no ser mulher. Menina que grita, bate e joga bola não è feminina. O menstruo è um incômodo. Mostrar o umbigo, rebolar, sentar descomposta, sair de minissaia, isso è provocação! Uma vergonha! E por aí vai. Não tem contradição com o mega-corpo feminino despido e perfeito que domina cada canto de nosso espaço público. Pois este também é um corpo-objeto, exposto ao olhar e ao desejo masculino. Carne à venda no açougue. Ter ocupado os outdoors e as bancas de jornais não significa ter conquistado mais espaço mas sim ter perdido o senso da decência e do mínimo respeito devido ao nosso corpo. Na nossa aceitação, admitimos mais uma vez nossa subordinação ao masculino. Desistimos de ser sujeito e tornamo-nos objeto. Desistimos de nosso corpo sagrado e aceitamos em troca um corpo pornográfico.


Isso também não foi sempre assim. Isso já foi... bem melhor! Nossa sociedade histórica, embasada na dominação do macho sobre a fêmea que até a Bíblia legitima (Eva não saiu de uma costela do Adão? Eva não foi criada por última, só para fazer companhia ao homem? E depois de comer a maça que lhe havia sido proibida, não foi castigada por Deus e condenada a sofrer as dores do parto, a pertencer e obedecer ao marido para sempre? Isso está escrito na Genesis, primeiro capítulo da Bíblia e nosso maior mito de fundação) bem, a nossa è apenas uma das muitas sociedades humanas. A mais recente. Ao longo de milênios, outras sociedades (pré-históricas) sobreviveram com outros parâmetros de fundação. As sociedades conhecidas como “matrilineares” praticavam a comunidade de bem e recursos, a promiscuidade sexual, o acesso coletivo ao sagrado, a partilha igualitária do trabalho entre gêneros – conforme o que chamamos de “direito natural” ou ecológico. Nossa sociedade patriarcal, ao contrário, funda-se no “direito positivo” ou seja na propriedade privada, na monogamia, no monoteismo, na exploração capitalista do trabalho e em sua divisão por gênero entre domestico (feminino) e público (masculino).
Pensando bem, o capitalismo não funcionaria de outra forma: sua premissa é a submissão do corpo feminino ao poder masculino, para fins de produção e reprodução. Sua característica principal, a exclusão da mulher do espaço sagrado e do espaço público.
Porisso o Deus macho da Bíblia arruma aquela desculpa da maça que causa a expulsão de Adão e Eva do paraíso! Porisso Zeus, o patriarca da família mitológica grega, parece não conhecer outra forma que não seja a submissão violenta, para se aproximar das deusas e das mulheres que deseja! Estas histórias representam a brutalidade que foi reservada às mulheres na fase de transição das sociedades matrilineares ao patriarcado. Culpa, castigo, violência e mutilação marcam um corpo que havia de ser uma ameaça excessiva, pelo imenso poder biológico que a Natureza lhe concedeu: o poder de procriar. È no corpo da mulher, corpo sagrado como os corpos grávidos das deusas ancestrais, que a Natureza cumpre o milagre da fertilidade e da vida. A violência legitimada contra o corpo feminino – submetido ao castigo desde a criação – exorcisma este poder que, se liberado, seria capaz de pôr em crise o sistema capitalista. Imaginem. Como seria possível determinar a paternidade e manter o principio de herança familiar, se a mulher resolvesse sair do controle masculino e se apoderar de seu corpo, de sua liberdade sexual e de expressão? Sair do tal “lugar de mulher”? Sair do lugar da culpa, da dívida, da mutilação, da burka?
Sair da Eva e também da Cinderela, da Branca de Neve, da Barbie?
Será mesmo que quem não for Maria, será Madalena? Madalena, a mulher vagabunda, a pecadora, ajoelhada, escandalosa, culpada, humilhada, apedrejada, penitente..
Mas não foi ela também que abandonou família e obrigações para seguir o bando de Cristo? Não foi ela a única apóstola que o seguiu na cruz, desceu o corpo e o enterrou, testemunhou a ressurreição e correu para anunciar o evangelho aos outros apóstolos? Madalena, que diz a lenda, viajou da Palestina para pregar o evangelho na França. Não foi ela não? A primeira dos Apóstolos, a mais amada, a companheira de Jesus?
Quem é Madalena?
Sim, Madalena é a que, por ser mulher, não foi escutada. A que, por ser mulher, foi identifica pela Igreja com a puta penitente. Que virou padroeira dos seres humanos excluídos, destituídos, despossuídos e prostituídos. Que è julgada, humilhada e apedrejada pelas falácias cotidianas e que todo dia dá a volta por cima. Madalena é a mulher que se recusa a “ser menos” do que é. A mulher que todo dia sai em busca do seu lugar.



Alessandra Vannucci

Madalena

Corpo vibrátil

Registro do processo: da criação a ação
































segunda-feira, 3 de junho de 2013

Corpo vibrátil: frequências sonoras de ser mulher

Inspiradas na noção de corpo-vibrátil apresentada por Suely Rolnik, levantamos a hipótese de que a vida é composta por campos de forças, portanto, o corpo está em vibração com o mundo. Ser corpo exige mobilização de forças, sensibilidade as texturas do mundo, aos efeitos da sociedade que condiciona todos a meros objetos. Corpo mulher, mulher corpo. Quais vibrações desejamos?







domingo, 2 de junho de 2013

Oficinas.

Assentamento Olga Benário localizado na mesorregião da Zona da Mata, microrregião homogênea de Ubá, do Estado de Minas Gerais, município de Visconde do Rio Branco, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST











Em parceria com a Universidade Federal de Juiz Fora através do projeto "Comunicação e juventude no campo: as inovações tecnológicas no cotidiano de jovens do Assentamento Olga Benário".